Hotel a caminho para apoiar cultura numa obra de regime inacabada
Inauguração centro de espectáculos/foto CCB
Os detractores apodaram-no de Centro Comercial de Belém. Mas o centro cultural inaugurado faz duas décadas continua à espera dos últimos dois módulos – um hotel e zona comercial –, capazes de lhe assegurar um complemento financeiro e uma ponte com a malha urbana envolvente.
O projecto de Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, seleccionado de entre 57 a concurso, previa cinco módulos, dos quais apenas três estão construídos. A obra dos arquitectos italiano e português gerou acesa polémica, pela linguagem contemporânea do novo complexo junto ao Mosteiro dos Jerónimos. O monumento remonta ao século XVII e está classificado, com a Torre de Belém, como património mundial pela UNESCO.
Os custos da empreitada dos três módulos construídos até hoje também ampliaram o coro de críticas: os estimados 6,5 milhões de contos (32,5 milhões de euros) acabaram perto dos 38 milhões (190 milhões de euros). A construção do CCB foi lançada em 1988, era Cavaco Silva primeiro-ministro. Na sua génese, o equipamento cultural deveria servir para acolher, em 1992, a sede da presidência portuguesa do Conselho das Comunidades Europeias. O que veio a acontecer, antes da abertura ao público no ano seguinte. Em Março de 1993 abriram portas o centro de reuniões e o pequeno auditório, seguidos do centro de exposições, em Junho, e do grande auditório, em Setembro.
O CCB possui uma área de construção de 97 mil metros quadrados. As suas paredes estão revestidas, numa extensão de 36 mil m2, com pedra calcária denominada “abancado de Pêro Pinheiro”, com acabamento rústico “gastejado”. Foi um período de prosperidade para muitas empresas da indústria extractiva e de transformação de pedra na localidade do concelho de Sintra.
“Não havia um lugar onde pudesse ser apresentada, tirando a Fundação Calouste Gulbenkian, uma grande exposição internacional”, explicou, por estes dias da comemoração dos 20 anos do CCB, Teresa Gouveia, à época secretária de Estado da Cultura, para justificar o lançamento do projecto. A antiga governante pelo PSD acrescentou à rádio TSF que, além da renovação desta zona histórica da cidade, se pretendeu construir “um equipamento com características patrimoniais contemporâneas, que simultaneamente fosse um acréscimo ao património arquitectónico dos nossos tempos”.
No espaço à beira-Tejo foram encontrados vestígios do seiscentista Palácio da Praia e, em 1940, foi aqui montado um dos pavilhões da Exposição do Mundo Português. Da antiga Praça do Império, projectada pelo arquitecto Cottinelli Telmo, sobrevive o jardim com a fonte luminosa desenhado entre o Padrão dos Descobrimentos e os Jerónimos.
Na década de 1980, porém, como recordou o antigo ministro do Planeamento, Luís Valente de Oliveira, numa conferência proferida em Janeiro no CCB, os terrenos onde foi construído o equipamento estavam ocupados com matagal e por “restos de máquinas de terraplanagem, amarelas e enferrujadas”, de “um depósito de sucata da Junta Autónoma de Estradas”.
O projecto de Vittorio Gregotti e Manuel Salgado, seleccionado de entre 57 a concurso, previa cinco módulos, dos quais apenas três estão construídos. A obra dos arquitectos italiano e português gerou acesa polémica, pela linguagem contemporânea do novo complexo junto ao Mosteiro dos Jerónimos. O monumento remonta ao século XVII e está classificado, com a Torre de Belém, como património mundial pela UNESCO.
Os custos da empreitada dos três módulos construídos até hoje também ampliaram o coro de críticas: os estimados 6,5 milhões de contos (32,5 milhões de euros) acabaram perto dos 38 milhões (190 milhões de euros). A construção do CCB foi lançada em 1988, era Cavaco Silva primeiro-ministro. Na sua génese, o equipamento cultural deveria servir para acolher, em 1992, a sede da presidência portuguesa do Conselho das Comunidades Europeias. O que veio a acontecer, antes da abertura ao público no ano seguinte. Em Março de 1993 abriram portas o centro de reuniões e o pequeno auditório, seguidos do centro de exposições, em Junho, e do grande auditório, em Setembro.
O CCB possui uma área de construção de 97 mil metros quadrados. As suas paredes estão revestidas, numa extensão de 36 mil m2, com pedra calcária denominada “abancado de Pêro Pinheiro”, com acabamento rústico “gastejado”. Foi um período de prosperidade para muitas empresas da indústria extractiva e de transformação de pedra na localidade do concelho de Sintra.
“Não havia um lugar onde pudesse ser apresentada, tirando a Fundação Calouste Gulbenkian, uma grande exposição internacional”, explicou, por estes dias da comemoração dos 20 anos do CCB, Teresa Gouveia, à época secretária de Estado da Cultura, para justificar o lançamento do projecto. A antiga governante pelo PSD acrescentou à rádio TSF que, além da renovação desta zona histórica da cidade, se pretendeu construir “um equipamento com características patrimoniais contemporâneas, que simultaneamente fosse um acréscimo ao património arquitectónico dos nossos tempos”.
No espaço à beira-Tejo foram encontrados vestígios do seiscentista Palácio da Praia e, em 1940, foi aqui montado um dos pavilhões da Exposição do Mundo Português. Da antiga Praça do Império, projectada pelo arquitecto Cottinelli Telmo, sobrevive o jardim com a fonte luminosa desenhado entre o Padrão dos Descobrimentos e os Jerónimos.
Na década de 1980, porém, como recordou o antigo ministro do Planeamento, Luís Valente de Oliveira, numa conferência proferida em Janeiro no CCB, os terrenos onde foi construído o equipamento estavam ocupados com matagal e por “restos de máquinas de terraplanagem, amarelas e enferrujadas”, de “um depósito de sucata da Junta Autónoma de Estradas”.